Capítulo 9 – Contabilidade Nacional
É um conjunto de operações que possibilitam a medição do produto e o resultado das políticas económicas, entre outros.
Objectivos da Contabilidade Nacional
Unidade institucional e sectores institucionais
Contabilidade Nacional definição:
A Contabilidade Nacional representa o conjunto de operações que permitem apurar o valor do património gerado por um país.
“A Contabilidade Nacional é uma representação simplificada e numérica de todas as operações económicas realizadas durante um ano no interior de uma economia ou entre esta e o Resto do Mundo. Ela permite fazer comparações no tempo e no espaço e constitui um instrumento insubstituível de previsão económica.”
Jean-Yves Capul e Olivier Garnier, Dicionário de Economia e de Ciências Sociais
A contabilidade nacional resulta da necessidade de quantificação da atividade económica desenvolvida por todos os agentes económicos. Para tal é necessário usar um conjunto de contas articuladas que pretendem representar e quantificar todas as atividades económicas de um país realizadas durante um período de tempo, que normalmente é de um ano. A todo este conjunto articulado de contas chamamos, Contabilidade Nacional.
Foi a partir de final da Segunda Guerra Mundial que as técnicas de Contabilidade Nacional sofreram um impulso muito grande, tornando-se cada vez mais completas e coerentes.
Importância da Contabilidade Nacional
Na atual sociedade existe uma importância cada vez maior da gestão da informação. Dai a necessidade da existência de um sistema que, quantifique os fluxos de natureza económica.
A Contabilidade Nacional permite:
- medir a atividade económica: que é realizada num país durante um determinado período de tempo (um ano por norma), que nos fornece os valores para indicadores como o consumo, a produção, o rendimento, o investimento, etc.
- fazer previsões de caráter económico: dessa forma, viabilizar a tomada de decisões para evitar ou minimizar crises económicas;
- tomar decisões económicas mais fundamentadas: porque permite prever, com uma razoável probabilidade, as consequências, nos diversos indicadores, da manipulação do instrumentos de política económica (por exemplo consequência de um aumento de impostos no nível de emprego);
- Efetuar comparações no tempo e no espaço (no mesmo país em diversos momentos ou entre países diferentes).
Objetivos da Contabilidade Nacional
Principiais objectivos da Contabilidade Nacional
- Descrever quantitativamente a actividade económica;
- Constituir uma base informativa para a política económica;
- Medir, através dos seus agregados, o bem-estar da população.
Definições Contabilidade Nacional
Contabilidade Nacional: Conjunto de operações que permitem apurar o valor do património gerado por um país.
Unidade residente e território económico
Unidade residente: consideramos unidade residente um agente económico que reside num determinado território há pelo menos 1 ano.
Território económico é diferente de território nacional
Este exclui as embaixadas, consulados bases militares e científica em território nacional e inclui o espaço aéreo, zona económica exclusiva e os consulados, embaixadas e bases militares e científica em território estrangeiro.
Excedente Bruto de Exploração: Componente do Rendimento Interno que corresponde aos rendimentos do fator capital (rendas, juros, lucros).
Refere-se a rendimentos do fator capital.
Rendas – remuneração referente à posse de imóveis
Lucros – remuneração do capital afeto a investimentos
Juros – remuneração do capital gerado devido à posse pelo agente económico.
Diferença entre custo fatores e preços de mercado.
Capítulo 9 – Contabilidade Nacional – Óticas de medição do Produto
Óticas de medição do produto
Ótica da produção:
Valor dos bens e serviços finais criados dentro do território nacional, avaliados a preços de mercado, durante um dado período
PIBpm = SVABramos + Impostos indirectos líquidos de subsídios (sobre produtos e importação)
ótica da produção ou produto
Ótica do produto: forma de cálculo do valor da produção de um país, possibilitando averiguar o contributo de cada ramo.
Valor da produção pela ótica do produto = Somatório VAB (valores acrescentados brutos) ou Valor final de produção.
Para evitar a múltipla contagem temos dois métodos:
1 – Valores acrescentados
2 – Produtos finais
Método dos valores acrescentados
Valor acrescentado Bruto = Valor produzido – Consumos intermédios
VAB = Produção total – Consumos intermédios
Método dos produtos valor final de venda
Exemplo: A fabrica de atum em posta Bom Lda produz 100 000€ de latas de atum por trimestre.
Custo do Atum, posta …… 0,10€
Custo da Lata de atum…. 0,05€
Custo do trabalho e produção …. 0,15€
Valor de venda de atum embalada vendida a uma superfície comercial …. 0,55€
Valor de venda final fica a 1,00€
Pescador VAB = 0,10€
Fabricante latas atum = 0,05€
Trabalhadores fábrica = 0,15€
Custos intermédios … 0,10€ + 0,05€ + 0,15€ = 0,30€ Custo produção
A fábrica vendeu por 0,55€ – 0,30€ teve um VAB = 0,25€
A grande superfície comprou por 0,55€ e vai vender por 1,00€, produz um VAB 1,00€ – 0,55€ = 0,45€
Total do VAB = 0,10€ + 0,05€ + 0,15€ +0,25€ + 0,45€ = 1,00€ (Somatório dos VABS)
O valor do produto final = 1,00€
O total do somatório VAB = Valor do produto final
Problema da múltipla contagem: Problema resultante da possibilidade de se contabilizar mais do que uma vez o valor dos consumos intermédios. Este problema pode ser ultrapassado através do Método dos valores acrescentados, que calcula o Produto somando-se os valores acrescentados de todas as unidades produtivas, ou do Método dos produtos finais, que apenas considera o valor das vendas dos produtos de consumo final.
Produção de uma lata de atum
Lata vazia ……. custou 0,15€
Lata com atum ….. custo 0,40€
O valor final na loja custa 1,00€
O que acontece é que não podemos somar todos os valores porque existem valores incorporados uns nos outros, por exemplo a lata com atum já inclui a lata vazia.
Para evitar este problema recorremos aos valores acrescentados.
Lata vazia representa um valor acrescentado de 0,15€
A lata com atum 0,40€ -0,15€ tem um valor acrescentado de 0,25€
O valor do hipermercado 1,00€ -0,40€ = 0,60€ tem um valor acrescentado de 0,60€.
Se somarmos todos os valores acrescentados 0,15€ + 0,25€ + 0,60€ = 1,00€ que é igual ao valor final.
O valor final é igual à soma dos valores acrescentados.
Produto Bruto versus Produto Líquido
Amortizações ou depreciações representam o desgaste do capital fixo.
Uma vez que se esse valor não for reposto as empresas vêm o seu património desvalorizado.
Produto Bruto inclui as amortizações
PB = PLíquido + Amortizações
Plíquido = PBruto – Amortizações
Procura Global: Corresponde aos encargos suportados pelas unidades produtivas com a produção de bens e serviços para residentes e não residentes.
Procura Interna = Consumo + Investimento + Gastos públicos
Procura externa = Exportações
Procura Interna: representa o total das despesas com a produção de bens e serviços para residentes.
Produto: Valor que é gerado pelo conjunto de todas as unidades institucionais de um país ao longo de um certo período de tempo (usualmente um ano).
Produto Bruto e Produto Líquido
Com o decorrer do tempo os bens imobilizados corpóreos perdem o seu valor, por exemplo um carro. Na economia isto implicava que as empresas desvalorizassem. Então, temos as amortizações que vão calcular este custo de depreciação dos bens e desta forma podemos juntar este valor para não desvalorizar a riqueza.
Produto Liquido = Produto Bruto – Amortizações
Produto Bruto = Produto Líquido + Amortizações
Produto interno e Produto nacional
Produto Interno + Saldo dos Rendimentos Resto do Mundo = Produto Nacional
Produto Nacional – Saldo dos Rendimentos Resto do Mundo = Produto interno.
Saldo dos Rendimentos Resto do Mundo = Rendimentos recebidos do Resto do Mundo – Rendimentos enviados para o Resto do Mundo.
Produto a custo factores
É o valor de produção do produtor
PIB cf = PIBpm – Impostos indiretos (os impostos indiretos são os consumidores que pagam) + Subsídios (que são os produtores que recebem).
PIBpm = PIBcf + Impostos indiretos (que são pagos pelos consumidores) – Subsídios.
Preços constantes e Preços Correntes
Os preços constantes não incluem o efeito da inflação.
Deflacionar: anular o efeito da inflação.
Reflectem o valor de preço base (ano base), desta forma é possível calcular se houve aumento de produção e não aumento de valor (preço).
Em certos casos devido ao efeito inflação uma produção com um valor maior não significa que se tenha produzido mais.
Produção a preços constantes = (Produto a preços correntes / IPC)X 100
Taxa de crescimento Real = (Produto a preços constantes ano X1 – Produto a preços constantes X0 )/ Produto a preços constantes X0
Taxa de crescimento nominal = (Produto a preços correntes ano X1 – Produto a preços correntes X0 )/ Produto a preços correntes X0
Ótica da despesa: forma de cálculo do valor da produção de um país, tendo em conta o destino que é dado aos rendimentos (consumo ou investimento).
PIBpm = Consumo + Gastos públicos + Investimento (FBCF + VE) +X (exportações) – M (importações)
FBCF – formação bruta de capital fixo é o investimento em bens duráveis, por ex: um carro,
Ótica do rendimento
Ótica do rendimento: forma de cálculo do valor da produção de um país, revelando a forma como são gerados os rendimentos dos agentes (salários, rendas, juros e lucros).
Remuneração do trabalho = Salários
Excedente Bruto de Exploração: Rendas, Juros, Lucros
Rendimento Interno = Remuneração + EBE =Salários + Rendas + Juros + Lucros.
RI = PILcf
RI =PIBpm – Amortizações – Ti (impostos indiretos) + Z (subsídios) = PILcf
Calcular o PIBpm sabendo o RI
PIBpm = RI ou PILcf + Impostos indirectos – Z Subsídios + Amortização (porque é Bruto).
RN = PNLcf = PIBpm + SRRM – Amortizações – Impostos indiretos + Subsídios
Rendimento Disponível Bruto da Nação = PNBpm + Transferências correntes líquidas do exterior
(por exemplo remessas de emigrantes, transferências unilaterais).
Ótica do rendimento
Valor do conjunto dos rendimentos brutos gerados no território económico nacional pelos sectores institucionais, avaliados a preços de mercado, durante um dado período
PIBpm = Remun + EBE + Impostos indirectos líquidos de subsídios (sobre produção, produtos e importação).
RI = PILcf = PIBpm – Amort -Ti (impostos indiretos)+ Z (subsídios) = PILcf
PILcf + Amort + Impostos indirectos – Subsídios = PIBpm
PNBpm = PIBpm + SRRM
Rendimento Disponível Bruto / Poupança Bruta
Rendimento que cada sector institucional e a Nação como um todo dispõem para afectar a consumo e a poupança.
RDBN = PNBpm + Transf. CorrentesLíquidas Exterior
Transf. Correntes versus Transf. Capital
PNBpm versus PIBpm: PNBpm = PIBpm + RLE
SBN = RDBN – CFN
Poupança bruta da nação calculada de forma residual
CFN = C + G
SBN: recursos da Nação disponíveis para financiar as Operações de Capital
Ver também (Resumo Capítulo 9 – Contabilidade Nacional)
Ramos de atividade;
Produto a preços correntes e a preços constantes;
Preços a preços de mercado e a custo de fatores;
Produto Interno e Produto Nacional;
Produto Líquido e Produto Bruto;
Produto Método dos Produtos Finais e método dos valores acrescentados;
Limitações da Contabilidade Nacional;
Outros capítulos Economia 11º ano
Ótica da despesa
Conjunto das utilizações de bens e serviços finais realizadas no território nacional, avaliados a preços de mercado, durante um dado período
PIBpm = C + I + G + X – Q
Consumo total = Consumo privado + Consumo público (C + G)
Investimento: FBCF + V existências
FBCF é o investimento em bens duradouros, computadores, carros, edifícios, etc.
VE = Variação de existências = Diferença de valor de mercadoria em inventário entre 1 Janeiro e 31 de Dezembro.
Consumo + Investimento + Gastos públicos + exportações – importações
O valor da produção de um país é igual à soma dos gastos efectuados pelos agentes económicos desse país.
Desta forma permite saber como foi utilizada a produção em consumo e investimento.
Consumo privado – todos os gastos realizados pelas famílias na satisfação das suas necessidades.
Consumo público – todos os gastos realizados pelo Estado na satisfação das necessidades colectivas e da população e no funcionamento da Administração Pública.
Exportações Líquidas = X – M
Exportações – Importações
Procura Interna = Consumo total + Investimento Bruto = Consumo Privado + Consumo Público + FBCF + Variação de Existências
Procura Interna = C + G + I
Procura Externa = Exportações
Procura Global = Procura Interna + Exportações
Despesa Interna = Procura Global – Importações
DI = PIBpm = Consumo Total + Investimento + Exportações – Importações = Consumo Total + Investimento + Exportações Líquidas.
DN = PNBpm = DI + SRRM = PIBpm + SRRM
DN = C + G + I + X -M + SRRM
Formação Bruta de Capital
Aquisições Líquidas de Cessões de Ativos Não Financeiros Não Produzidos (ao Resto do Mundo)
Cap./Nec. FinanciamentoNação = SBN + Transf. Capital Líquidas do Exterior – Operações de Capital
Se > 0, existe capacidade de financiamento
Se < 0, existe necessidade de financiamento
Óticas
Limitações da Contabilidade Nacional
Existem várias limitações da Contabilidade Nacional
A contabilidade Nacional não discrimina o tipo de bens produzidos, apenas avalia o valor. Por exemplo um produtor de tabaco e um produtor de soja é indiferente a actividade para a contabilidade.
A Contabilidade Nacional não contabiliza todas as atividades existentes.
Não conta com o trabalho voluntario, todo o trabalho não remunerado.
Só se regista o trabalho remunerado.
Existem actividades que não são contabilizadas porque constituem a chamada economia paralela. Algumas são ilegais outras apenas não contabilizam a produção para efeitos fiscais.
Economia Paralela: Engloba actividades que não são declaradas ao Estado, por serem ilegais ou, sendo legais, por se pretender fugir ao pagamento de impostos. Também se designa economia informal ou subterrânea.
Externalidades: Conjunto de efeitos que a actividade produtiva exerce sobre terceiros e que podem ser de carácter benéfico (positivas) ou prejudicial (negativas).
Por exemplo a existência de poluição numa cidade é uma externalidade negativa contudo esta não medida na contabilidade nacional.
No caso de países como a China que têm grandes níveis de crescimento do PIB não se considera os efeitos nefastos dos grandes níveis poluição e o seu impacto na saúde pública.
É uma das limitações da Contabilidade Nacional a não implicação das externalidades que não é medido o seu impacto na economia,
A descoberta de uma cura de uma doença não é medido o seu efeito na economia, apenas é medido o valor de venda dos medicamentos.
Exemplo de externalidade positiva: Tenho um jardim com muitas flores e estou a 500 m de um pomar. Como o meu jardim atrai muitas abelhas significa que vou melhorar a polinização do pomar e aumentar o nº de maçãs,
Exemplo de aplicação

PNLcf = 300 000, Impostos indiretos = 20 0000, Subsídios à produção = 60 000.
Amortizações = 24 0000
PNLcf + impostos indiretos – subsídios = PNL pm = 300 000 + 20 000 -60 000 = 260 000
PNL pm + Amortizações = PNB pm = 260 000 + 24 000 = 284 000
PNB pm – SRRM = PIBpm = 284 000 – 20 000 = 264 000
Exercícios de Provas M23
Exercícios Propostos



Fonte: Exames M23 Politécnico do Porto
Formulário Capítulo 9 – Contabilidade Nacional
Produto Bruto e Produto Líquido
Produto Liquido = Produto Bruto – Amortizações
Produto Bruto = Produto Líquido + Amortizações
Produto Interno e Nacional
PIBpm = PNBpm – SRRM
PNBpm – PIBpm = SRRM
Saldo dos Rendimentos Resto do Mundo = Rendimentos recebidos do Resto do Mundo – Rendimentos enviados para o Resto do Mundo.
Produto a preços de mercado e a custo factores
PNBpm = PNBcf + Ti (imp. Indirectos) – Z (Subsídios)
PNLcf + impostos indiretos – subsídios = PNL pm
Produto a preços correntes e produto a preços constantes
Produto a preços constantes = (Produto a preços correntes/ índice de preços) X 100

PNLcf + D (amortizações) = PNBcf
Produto pela ótica do rendimento
RI = Rem + EBE = S + R + J + L (RI = Rendimento Interno)
PIBpm = Remun + EBE + Impostos indirectos líquidos de subsídios (sobre produção, produtos e importação).
EBE = Excedente Bruto de Exploração = Rendas + Juros + Lucros

Exercícios de Escolha Múltipla contabilidade Nacional
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